O Mágico de Oz

Engraçado como certos autores se utilizam das fábulas e contos de fadas para nos transmitir mensagens importantes, lições de vida e reflexões. Alguns deles, é claro, são destinados a um público que sem a linguagem adequada, nada aproveitarão da obra. No caso das fábulas ou livros infantis estas lições são ainda mais evidentes. Basta procurar nos clássicos para se ter uma ideia do que falo. Foi assim quando li “O Mágico de Oz”. Aliás o sucesso desta obra foi estrondoso junto aos leitores assim que foi lançada.

Publicado pela primeira vez em 1900, “O Mágico de Oz” (The Wonderful Wizard of Oz, no original) se tornou certamente na mais famosa história infantil da literatura americana, tendo sida adaptada para o teatro, cinema, músicas e traduzida para diversos idiomas. É também considerado o primeiro contos de fadas genuinamente americano.

Alguns leitores certamente notarão que a obra é repleta de simbolismos, sendo que alguns são bastante evidentes e outros nem tanto. Lá temos o Espantalho representando inteligência, o Homem de Lata sendo associado à sensibilidade e o Leão, a coragem. Dorothy, a protagonista, é acertadamente a representação perfeita da resiliência. Percebemos então que sob um olhar atualizado e uma leitura contemporânea, percebemos que ela não é nada infantil, sendo ainda podendo ser sustentada por três pilares principais: o cérebro (com o ato de pensar), o coração (com o ato de amar) e a coragem (com o ato de agir).

Alguns trechos que merecem nossa atenção e que estão presentes na obra:

“Por mais que as nossas casas sejam tristes e cinzentas, nós, as pessoas de carne e osso, preferimos viver nelas do que em qualquer outro lugar, mesmo o mais lindo do mundo. Não existe lugar igual à casa da gente.”

“Deve ser meio incômodo ser feito de carne – disse o Espantalho, pensativo. Porque a pessoa precisa dormir, comer e beber. Por outro lado, tem um cérebro, e poder pensar direito bem que vale todo o trabalho.”

“Vocês, que têm coração, podem sempre se guiar por ele, e nunca fazem mal aos outros. Mas eu não tenho coração, e por isso preciso tomar muito cuidado.”

“A cada dia você aprende uma coisa nova. Um bebê tem cérebro mas não sabe muita cosia. A experiência é a única coisa que traz o conhecimento, e quanto mais tempo você passa na terra, mais experiência você acumula.”

“Ainda assim, disse o Espantalho: quero um cérebro em vez de um coração; porque um tolo não saberia o que fazer com um coração se tivesse um. Fico com o coração, respondeu o Homem de Lata. Porque cérebro não faz ninguém feliz, e a felicidade é a melhor coisa do mundo.”

“Você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem.”

Lyman Frank Baum (1856-1919) foi um escritor, editor, ator, roteirista, produtor de cinema e teosofista norte-americano. Autor de diversos romances, poemas e roteiros, sendo o mais conhecido o clássico O Mágico de Oz, sucesso que se transformou em série, com treze continuações.