O Canto do Cisne

O que você faria se você descobrisse que é portador de uma doença terminal que, inevitavelmente te levará a morte? E se houvesse uma forma de ‘perpetuar’ sua existência através de um novo corpo (ou um clone), você escolheria esta alternativa? Como as pessoas que estão a sua volta reagiriam a sua escolha? Elas saberiam que aquele diante deles não é bem você e sim um substituto? Escolhas pra lá de complexas e que, conforme a medicina de mãos dadas com a ciência podem se tornar em breve passíveis de serem feitas e questionadas. É neste lugar que está ambientado o drama “O Canto do Cisne” (Swan Song, no original), lançado em 2021, e que retrata um futuro não tão distante, por assim dizer.

Claro que, em uma roda de amigos e este assunto surgisse, é muito provável que a maioria dos presentes, em um primeiro momento, seriam enfáticos em dizer: É claro que não! Deus me livre, substituir meu corpo por uma cópia. Entendo perfeitamente que tal resposta seria imediata e baseada no que temos hoje de informações a respeito de tal questão. Mas a 30 ou 40 anos atrás, próteses de silicone também trariam o mesmo efeito à uma conversa. E o que dizer de membros robóticos e membros construídos em titânio de inúmeras partes do corpo ou ainda impressos em impressoras em 3D. Inovador, não?! Por isso que, uma resposta clara e direta entoando um “não” pode soar demagógica se olharmos a nossa volta, nos dias de hoje.

Podendo ser descrito como uma poderosa jornada emocional,  o enredo nos coloca frente a frente às escolhas de Cameron Turner (Mahershala Ali), um marido e pai amoroso, casado com Poppy (Naomie Harris) e que diagnosticado com uma doença terminal. Cameron recebe uma solução alternativa (e controversa) por sua médica, a Dra. Scott (Glenn Close), visando entre muitas coisas, proteger sua família da dor da perda e ausência. Enquanto Camerom luta para alterar ou não o destino de sua família, ele aprende mais sobre a vida e o amor do que jamais imaginou.

Polêmico (ou nem tanto), o longa nos faz refletir até que ponto iríamos para nos perpetuar, seja por um desejo pessoal ou mesmo para proteger aqueles nos rodeiam. Seja qual escolha que tomemos, a impressão que tenho é que certamente ela não será aceita por uma totalidade. Mas quem estão tão preocupado com isso, não é mesmo? Desde que consigamos mais um dia ao sol…

Fica evidente, portanto, que O Canto do Cisne faz jus a seu nome, explorando até onde iremos e o quanto estamos dispostos a sacrificar para tornar a vida mais feliz para as pessoas que amamos e que, em algum momento, deixaremos. Dilemas morais e éticos são explorados de uma forma adulta e nem sempre tão superficial. Swan Song é certamente muito mais que uma sessão pipoca.

A produção estadunidense é escrita e dirigida pelo cineasta vencedor do Oscar Benjamin Cleary e produzida por Adam Shulman, Jacob Perlin, Jonathan King, Rebecca Bourke, Mahershala Ali e Mimi Valdés. O elenco traz Mahershala Ali, Naomie Harris, Awkwafina, Glenn Close e Adam Beach.

Swan Song está disponivel no serviço Apple TV+. O trailer pode ser visto aqui.