Gold

Riqueza e ganância são elementos que costumam estar presentes em uma mesma frase, infelizmente. Isso porque, nem sempre é tão fácil pensar em indivíduo rico que não seja, de algum modo e em alguma medida, ganancioso. E, ao assumir tal posição, a soberba e a supremacia têm um grande terreno para tomarem conta. Sim, notável que, ao conquistar o inconquistável, a pessoa venha a acreditar que a atual situação lhe permitirá ser superior às demais. Poucos são aqueles que conseguem separar uma coisa da outra.

Curiosamente, roteiros que exaltam tal temática tendem a apresentar as consequências das escolhas feitas pelo caminho rumo ao tão sonhado sonho dourado e é exatamente isso que é abordado em “Gold”, produção australiana de 2022. A sede e a fome pelo metal amarelo que reluz podem nos levar à perdição. Com um bom roteiro e pouco recurso financeiro utilizado, a trama consegue com muito pouco alcançar um ótimo resultado final. A história nos faz questionar posicionamentos pessoais, escolhas e as consequências de nossos atos. Afinal, o que é mais importante?

O enredo me fez lembrar logo de cara da canção “Ecstasy of Gold”, composição criada por Ennio Morricone e que foi feita para a trilha sonora do filme de 1966 “Três Homens em Conflito” (The Good, the Bad and the Ugly / Il buono, il brutto, il cattivo), de Sergio Leone. Três Homens em Conflito se passa durante a Guerra Civil Americana, e conta com um pistoleiro misterioso e dois estrangeiros que decidem juntar suas forças para encontrar um tesouro escondido, mas cada um dos homens conhece apenas uma parte da localização da fortuna, o que força essa parceria. Deste modo, o enredo de “Gold” é brilhante e bebe da fonte de Sergio Leone ao nos inserir em um ambiente inóspito, traiçoeiro e mortal. Com certos ajustes na trama e um toque distópico (que lembra um pouco Mad Max), a história de sobrevivência e tensão traz drama, ação e suspense na dose certa, conseguindo nos segurar durante toda a exibição.

Em um futuro distópico não muito distante, os andarilhos Virgil (Zac Efron) e Keith (Anthony Hayes) estão viajando pelo deserto e tropeçam na maior pepita de ouro já encontrada e o sonho de imensa riqueza e ganância toma conta de ambos. Eles traçam um plano para escavar sua recompensa com um deles saindo para garantir as ferramentas necessárias e em seguida retornando para que juntos retirem o ouro do solo. O outro homem deverá permanecer ali, tomando conta do tesouro recém-descoberto, com recursos escassos de comida e suprimentos, suportando os elementos severos do deserto, cães selvagens vorazes e intrusos misteriosos, enquanto luta contra a suspeita de que ele foi abandonado à sua própria sorte.

Anthony Hayes, que dirige e também faz parte do elenco de “Gold”, revela:

“Esta é uma história emocionante, transversal no tempo, sobre a ganância e a humanidade, quem somos, o que fizemos ao mundo e para onde estamos a ir se não formos cuidadosos. Ter Zac Efron como o meu homem principal neste filme é um presente absoluto e ver o que ele já está a criar não se compara a nada que já tenhamos visto dele antes. Mal posso esperar para mostrar este filme ousado, visceral e cinematográfico às audiências de todo o mundo.”

A direção é de Anthony Hayes que também escreve o roteiro com Polly Smyth. Além da dupla de protagonistas, o elenco ainda traz Susie Porter e Andreas Sobik. O trailer pode ser visto aqui.